02 outubro 2011

Sexto Seminário- Parte II


Ainda no dia 21 de setembro houve a apresentação do texto O Geógrafo e a Pesquisa de Campo (2006) de Bernard Kaiser que procura explicar como deve ser realizada uma pesquisa de campo seguindo a linha da geografia marxista. Não é à toa que o autor inicia o texto com uma célebre frase proferida por Mao Tsé-Tung: “Sem pesquisa de campo ninguém tem direito a falar”.
Kaiser diz que para conhecermos realmente a realidade pesquisada devemos conhecer a SITUAÇÃO SOCIAL LOCAL e isso, segundo ele, só é possível através da PESQUISA DE CAMPO. Seguindo as ideias marxistas, a situação social é produto da história e da luta de classes, então o pesquisador, antes de ir a campo, deve se informar a respeito da história local e no campo deve se inteirar da relação existente entre os atores sociais, ou seja, da relação entre as camadas sociais, o aparato do Estado, as mídias e as ideologias (KAISER,2006;97). O autor também fala a respeito da importância de se adquirir uma base teórica e uma educação política, ou seja, uma capacidade de análise crítica, antes de ir a campo, do cuidado que devemos ter com certos tipos de material teórico que podem deformar antecipadamente nossa capacidade de análise e do cuidado para não conduzirmos o resultado de nossa pesquisa.
Kaiser descreve como deve ser o procedimento inicial do pesquisador em campo: ... o pesquisador não realizará uma listagem enorme de questionários, uma bateria de magnetofones, um arsenal de aparelhos de fotos e câmeras: ele não sai nem mesmo com seu caderno de notas!{...} ele deve passear longamente, tranquilamente; que se impregne da atmosfera social; que se procure o que realmente preocupa e distinga nas conversações banais os sinais da tensão profunda. E sobretudo que ele se ponha a compreender a história. A análise histórica é desde logo indispensável a quem realiza a pesquisa.” (KAISER,2006;99)
Outra questão muito importante é não ir a campo como quem vai ao zoológico ou ao safári, ou seja, procurando o anedótico, o exótico e o singular e sim, “tentar prender-se aos estudos de seus problemas (dos inquiridos), colocar às claras os conflitos nos quais eles estão implicados, notar a infinidade de laços e de fluxos que integram seu sub-sistema no sistema social geral...” (KAISER, 2006;100)
Em determinado momento teremos que começar a fazer uso de questionários sistemáticos e técnicas de pesquisa que, aliados a memória individual e coletiva, nos farão entender a situação social atual.
Kaiser diz para termos cuidado com a subjetividade das coisas como, por exemplo, com o fato de termos mais facilidade para falar com pessoas que tenham o mesmo universo cultural que o nosso, o que pode influenciar o resultado da pesquisa, mas durante a apresentação concordamos que o pesquisador e o inquirido terem um universo cultural comum não é necessariamente ruim para a pesquisa.
O autor fala também da importância de conseguirmos articular os resultados locais da pesquisa com o global, porém concordamos que talvez não seja possível fazermos isso em nossa pesquisa, pelo menos não propositalmente.
Por fim, Kaiser faz uma reflexão acerca da utilidade da pesquisa de campo, dizendo que devemos fazer uma RESTITUIÇÃO À FONTE, ou seja, os resultados obtidos devem ser apresentados aos inquiridos e se possível, devem se transformar em algo benéfico para a população local como um todo.
Amana Iquiene

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