28 agosto 2011

Segundo Seminário por M. Tolentino

Apresentarei a seguir um breve resumo dos conceitos discutidos que eu considerei mais importantes no seminário do dia 24/08:
O conceito de Nós e Eles: "[Só] poderá a comunidade - a comunidade local, uma cominidade corporificada num território habitado por seus membros - e ninguém mais" (BAUMAN, 2003, p.102) ou seja, o isolamento de terminada comunidade através da exclusão daquele que não faz parte da mesma. Este conceito surge a partir de um reconhecimento de igualdade que se fortifica trazendo uma forte percepção de exclusividade. Dialoga diretamente com o conceito de insider e outsider, já incorporados pelo grupo para definir a visão que vem de dentro ou de fora do bairro.
Muito ligado a este conceito temos a percepção da Definição através da negação ("Ela [identidade] se distingue por aquilo que ela não é" (WOODWARD, 2000, p.9)) reconhecendo o que é comum a determinado grupo por aquilo que se mostra diferente a essa identidade.
Ambos podem impulsionar o que é chamado de Gueto Voluntário que se define pela capacidade de "impedir a entrada de intrusos e permitir que os de dentro possam sair a vontade" (PEIXOTO, 2009, p.9).
É importante ressaltar também o conceito de Bairro e Vizinhança, que se caracterizam pela formação da identidade coletiva tanto no que diz respeito aos relacionamentos interpessoais e de caráter material, com o espaço físico do lugar. “O bairro se inscreve na história do sujeito como a marca de uma pertença indelével na medida em que é a configuração primeira, o arquétipo de todo processo de apropriação do espaço como um lugar na vida cotidiana pública” (DE CERTEAU, 1994, p.44)
Em oposição a estes conceitos temos discussões acerca do não-reconhecimento, trazidas principalmente pela Normatização do Lugar (um lugar normatizado é aquele onde se pressupõe certo tipo de comportamento, através de leis ou apenas senso comum) e pelo Espaço Amnésico onde há "(...)uma mudança que não se apresenta como gradual, mas como produto de uma ruptura brutal, 'era e não é mais'" (CARLOS, 2007, p. 56).
Vinculado a este último temos a Identidade Abstrata, que, gerada pelas modificações da metrópole, "impõe novos valores e comportamentos" e é "mediada pela mercadoria" (CARLOS, 2007, p.56)

Uma discussão importantíssima, ao meu ver, e que não poderia faltar nesta postagem, foi a de como uma suposta identidade coletiva pode ser geradora de um simulacro dentro de um lugar. Simulacro, para nós, consiste na ideia da simulação da identidade de uma comunidade, como algo que faz parte da unidade do grupo, mas na verdade é falso, criado.
Exemplificamos isto pelo reconhecimento do bairro de Santa Teresa como um bairro de "boêmios e artistas". Este reconhecimento faz parte da identidade do bairro sendo considerado pelos outsiders (os que não moram no bairro) e os insiders (aqueles que moram no bairro). Mas fica a questão: até que ponto todos aqueles que moram em Santa Teresa se enquadram, necessariamente, neste perfil e se identificam com ele ou esta identidade coletiva é forjada e, portanto, um simulacro?



Morgana Tolentino