24 setembro 2011

Quinto Seminário

No dia quatorze de setembro foi realizado o quinto seminário do projeto, onde contamos com três textos: “Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro”, “História do tempo presente: desafios” e “Muito além do espaço: por uma história cultural do urbano”, conduzidos respectivamente por Luiza Tulani, Hellen Lugon e Lana Monteiro.

O texto trata da nova história, um movimento em que não há como definir, sem correr o risco de apresentar uma vaga descrição, como sendo a história total ou história estrutural, sendo assim o autor se baseia naquilo a que o movimento se opõe, apresentando seis pontos fortes e fracos.

“A nova história é a história escrita como uma reação deliberada contra o ‘paradigma tradicional’ (...). Será conveniente descrever este paradigma tradicional como ‘história rankeana’” que seriam os ideais positivistas, sendo assim, a nova história se opõem a essas idéias que expressam certo limite de visão na hora da análise dos acontecimentos.

Para melhor compreensão, o ou ator divide em seis pontos o contraste entre a nova história e a antiga, história tradicional, que foram titulados para melhor análise durante o seminário:

“História é apolítica passada: política é a história presente” (BURKE, P. 1992:10)

A história tradicional era apenas analisada o âmbito político e operário (marxista e positivista), o autor vem neste ponto apresentar a análise da história, de outros âmbitos, como por exemplo, o social, analisando a relação das famílias, de como as mesma e o sujeito influenciaram na formação da cultura.

“O que era previamente imutável é agora encarado como uma ‘construção cultural’, sujeita a variações tanto no tempo quanto no espaço” (BURKE, P., 1992:11)

  1. História dos acontecimentos X Análises das estruturas

O estudo dos acontecimentos por si só, pela sua parte de maior destaque, versus a sociedade a que estava inserido, e no quanto esses acontecimento afetaram os costumes locais e o quanto essa sociedade afetou o acontecimento (movimento, revoluções etc.)

  1. História “vista de cima” (tradicional) x História vista de baixo

Qual seria a verdadeira história: A dos grandes feitos ou as opiniões de pessoas comuns e o quanto esses feitos mudaram sua rotina?

  1. História baseada em documentos

Segundo o paradigma tradicional (história rankeana) a história deveria ser baseada em documentos.

  1. “A história é objetiva” (BURKE, P. 1992:15)

Para o paradigma social “a tarefa do historiador é apresentar aos leitores os fatos (...) ‘como eles realmente aconteceram’” (BURKE, P., 1992:15)

Por fim o autor apresenta os problemas do paradigma tradicional:

· Problemas de definição (BURKE, P., 1992:19) – Por onde deve ser analisada a história e determinada como verdadeira, no quanto a estrutura do cotidiano interfere nas mudanças ocorridas na sociedade, e vice-versa.

· Problemas das fontes (BURKE, P., 1992:25) – Os documentos podem ser manipulados, sendo assim, o quanto seriam verídicos estes documentos?

· Problemas de Explicação (BURKE, P., 1992:31) – “Quem são os verdadeiros agentes na história, os indivíduos ou os grupos?”

· Problemas de síntese (BURKE, P., 1992:35) – Ocorre devido à expansão do universo do historiador, sendo assim ele dialoga melhor com outras de disciplina, do que suas próprias subdisciplinas.

“O historiador americano Michael Kammem pode bem estar em sua sugestão de que o conceito de ‘cultura’, em seu sentido amplo, antropológico, pode servir como uma ‘base possível’ para a reintegração’ de diferentes abordagens a história” (BURKE, P., 1992:37)

O segundo texto, de Verena Alberti, problematiza a noção do que seria a História do Tempo Presente e o uso desta por historiadores e cidadãos comuns.

Passa pela antiguidade clássica em que testemunhos diretos eram preservados, e posteriormente vai a França do século XIX cuja história era aliada da literatura e filosofia. Com a III república francesa essa história ganha uma metodologia que a distancia criticamente do presente, e é reavaliada após a segunda grande guerra com a inserção pela École de Annales do estudo socioeconômico. Ou seja, a história contemporânea antes estudada por amadores de forma pedagógica (para formar cidadãos), sem métodos e críticas passa a estudar as estruturas por trás do manifesto, antes ocultas pelos historiadores quantitativos. Memória e história formam um par fundamental nos anos noventa em que esta história volta a se interessar pelo individualismo informativo mesmo que subjetivo, dando forma a uma visão cultural além das demais adquiridas no pós-guerra. Rompe-se então a idéia de que é necessária uma distância temporal para que se estude história de maneira metódica e atualmente esta é estudada qualitativamente e quantitativamente. Fica portanto a citação de Hobsbawm Eric e apud Bernstein Serge, 1993 (pág 9) que resume o trecho comentado:

“O tempo presente é o período durante o qual se produzem eventos que pressionam o historiador a revisar a significação que ele dá ao passado, a rever as perspectivas, a redefinir as periodizações, isto é, a olhar em função do resultado de hoje, para um passado que somente sob essa luz adquire significação”

O terceiro texto tem por objetivo desenvolver estratégias teórico-metodológicas para uma nova leitura da cidade, através de um novo paradigma baseado na cultura. Assim conseguiríamos alcançar a realidade por meio de representações coletivas. O historiador que tem por objetivo descobrir a cidade por esse método deve se utilizar não só o seu universo de conceitos metodológicos e seu conhecimento prévio sobre o urbano, mas também as estratégias propostas: contraste de imagens de representação coletiva, a superposição através do recolhimento de fragmentos que falem sobre o passado, cruzar práticas e representações, dados objetivos e percepções subjetivas e manter uma abertura na tentativa de enxergar além do que já foi visto e trazer para o presente as cidades do passado.

“A descoberta da cidade é a de um labirinto do vivido eternamente renovável, onde o indivíduo que nele adentra não é um ser completamente perdido ou sem rumo. É alguém que lida com memória e sensação, experiência e bagagem intelectual, recolhendo os microestímulos da cidade que apresentam caminhos que se abrem e se fecham.” (Moles, 1984, apud Pesavento, 1995:288)

Esse texto, de Sandra Jatahy Pesavento, foi importante para nossa pesquisa, pois nos fez refletir sobre as diferentes visões sobre o bairro que certamente encontraremos na nossa pesquisa de campo, cabendo a nós utilizar as estratégias propostas na tentativa de resgatar a historia local.

Hellen Lugon, Lana Monteiro e Luiza Tulani

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